Hoje ao voltar para casa de ônibus presenciei um diálogo curioso entre o motorista de ônibus e uma passageira, que usava muletas após ter torcido o pé no teatro. O motorista, solidário com a moça, contava que teve acidente semelhante e que ficara 4 meses de licença, de repouso em casa. Ao que a moça respondeu que voltava do trabalho, apesar de ter conseguido licença de 3 semanas. Afinal, o chefe era “muito gente fina” e ela pensava ser insubstituível para a empresa.
O motorista, muito vivo, disse que ninguém era insubstituível, que patrão “é tudo igual”, que colocariam outra pessoa em seu lugar se ela não estivesse trabalhando bem etc. E concluiu que ela deveria ficar em casa, afinal o INSS cobriria as despesas de sua licença, sem onerar o patrão. A moça ignorava que o INSS pudesse ser acionado, e perguntou como fazer para dar entrada no processo. O motorista então disse que bastava ela ir a um posto da Previdência, como o que estava justamente ao lado do ônibus naquele exato momento, para fazer a perícia e conseguir a licença.
Ao que a moça respondeu:
– Ih, mas pra ser atendido no posto vai ser muito demorado…
– Que nada. Hoje está tudo modernizado. Você agenda a perícia pela Internet, é rápido, depois vai na Previdência só na hora do seu atendimento – respondeu o motorista.
– Será?
– Sim, é rápido, basta entrar no site da Previdência. É previdência.gov.br. Marca por lá, ou por telefone.
A moça ainda pareceu duvidar, disse que procuraria no Google o site da previdência. Mas o motorista foi categórico:
– Não precisa! É previdencia.gov.br.
Cheguei em casa e fui conferir. O motorista estava certíssimo: http://www.previdencia.gov.br. O primeiro link é exatamente agende seu atendimento.
Com essa, fui forçado a rever meus conceitos sobre a popularização da Internet.
O prazo para envio de trabalhos para o 1º encontro brasileiro de arquitetura de informação encerra-se no dia 30 de julho. Podem ser inscritos estudos de caso ou discussões conceituais.
O evento será em São Paulo, dias 19 e 20 de outubro.
Ao contrário de muitos eventos acadêmicos, nos quais o tempo das apresentação chega a ser ridículo (em geral, 15 minutos), as apresentações deste evento tem duração prevista de 45 minutos. Abre-se de fato espaço para o debate e a troca de idéias.
Nos últimos congressos acadêmicos que tive a oportunidade de participar, o formato do evento chegava a ser frustrante. Diversas apresentações ocorriam ao mesmo, com 15 minutos cada. Em alguns eventos não havia sequer tempo para debate posterior – para não correr o risco de atrasar a seqüência de apresentações, os debates só eram abertos ao final da última apresentação de uma determinada sala. Com muitas apresentações ocorrendo em salas diversas, era praticamente impossível permanecer em uma mesma sessão até o final, sendo preciso correr de uma sala para outra para poder assistir tudo o que interessava. Com isso era pouco provável que uma pessoa pudesse participar dos debates sobre as apresentações que assistiu, sendo mais comum participar somente dos debates posteriores à última apresentação do dia.
Enquanto a educação superior no Brasil se pautar por números, por quantidade (de trabalhos publicados, de alunos formados, de teses defendidas) parece pouco provável que tenhamos de fato discussões construtivas ocorrendo. Os congressos parecem ser feitos para que haja o “não-debate”, a começar pelo tempo reservado para apresentar os trabalhos…15 minutos não dá nem pra esquentar! E dada a impossibilidade de debates imediatamente posteriores às apresentações (seja pela necessidade de correr para outra sala ou por conta do próprio formato do evento) já vi absurdos sendo ditos sem que se pudesse comentar logo em seguida. Além disso a mudança da audiência logo após o término da apresentação esvaziava as chances de comentários pertinentes sobre o assunto.
Espero que o 1º encontro brasileiro de arquitetura de informação siga um caminho distinto. Pelas pessoas que conheço que estão envolvidas na organização, só posso esperar boas discussões e troca de idéias.
A versão coreana da homepage do Google, bem distinta do visual limpo e minimalista que conhecemos por aqui e nos EUA, gerou uma série de debates na lista Sigia-L.
Uma das questões que surgiram é a respeito da influência da cultura no projeto de interfaces para websites. A versão coreana do Google é repleta de elementos, no melhor estilo “portal”. Ao que parece, os coreanos valorizam sites com muitas opções de links. É possível relacionar essa preferência com a própria experiência de viver na Coréia? As cidades populosas, prédios repletos de letreiros luminosos…há um paralelo possível?
Jorge Arango dá uma boa dica de leitura sobre o assunto: A Cross-Cultural Analysis of Websites from High-Context Cultures and Low-Context Cultures, artigo de Elizabeth Würtz do Department of Design, Communication and Media, IT University Copenhagen. No artigo a autora procura estabelecer relações entre contextos culturais e projeto de websites.
Dizem que águas passadas não movem moinhos, mas de qualquer forma achei interessante colocar à disposição minha dissertação de mestrado, na seção Artigos.
Como os capítulos da dissertação são extensos, foram colocados no site separadamente, com links internos para facilitar a navegação. Há ainda uma versão em PDF do texto na íntegra (sem os anexos), com a formatação original que apresentei em 2000 ao Programa de Pós-Graduação em Design da PUC-Rio.
Pretendo colocar mais artigos aqui no site em breve; um deles foi selecionado para o 3° Congresso Internacional de Design da Informação, mas ainda está em processo de revisão. Basicamente trata do tema da pesquisa que iniciei agora no doutorado.
Outros artigos virão tão logo tenham seu destino esclarecido.
Dois blogs sobre design que descobri há pouco, cuja leitura recomendo:
Boa leitura! :-)
Enfim, depois de muito, mas MUITO trabalho, a Feira está de cara nova.
Na verdade, mais do que “cara” nova, é uma proposta nova. A idéia é reunir em um site só os meus artigos acadêmicos, o blog, os projetos e o que mais der na telha. O Blogger, que já não se mostrava muito versátil para atualizar o blog antigo, foi definitivamente aposentado. Agora a Feira Moderna conta com o auxílio luxuoso do WordPress.
Neste redesenho, tive a preocupação de fazer as páginas com HTML semântico, tableless, montando o layout das páginas a partir do CSS, de maneira a garantir a acessibilidade do site. Como não sou exatamente especialista em HTML, alguns problemas persistem. No teste de acessibilidade que fiz no DaSilva, não obtive nenhum erro grave, mas vários avisos, indicando que preciso ajustar algumas coisas para tirar nota 10. Mas já é possível dizer que o site é acessível.
Outra novidade é que agora o site tem uma busca que funciona! Como todas as informações agora estão reunidas em uma base de dados (o fim do HTML estático, aleluia!), a busca analisa o conteúdo de todas as seções do site, especificando no resultado qual a natureza do documento (se é um projeto do portfolio, um artigo acadêmico ou um post do blog). O mesmo vale para as “palavras-chave”; ao clicar em uma palavra-chave, como design, o site retorna a relação de tudo que foi publicado relativo àquele termo, independente da seção a qual pertence.
O conteúdo das seções artigos e portfolio ainda está em processo de migração, mas aos poucos pretendo trazer tudo para cá. No Blog, os posts mais antigos têm problemas de título e não têm palavras-chave, já que na época em que foram escritos o Blogger não trabalhava com um campo específico para separar o título do conteúdo e tampouco tinha como associar palavras-chave aos posts. Como são cerca de 800 posts, é pouco provável que eu venha a ajustar isso.
Enquanto isso, ainda estão no ar o portfolio antigo, e a versão anterior do site com meus artigos. O blog antigo continua no ar também, mas completamente abandonado, e por um problema na migração dos dados, sem algumas imagens.
Aliás, as imagens dos posts antigos também não estão aparecendo aqui. Problemas de mudanças de diretório. Espero resolver em breve!
Assim, sem mais delongas, sintam-se a vontade para navegar por aqui. Bug-reports são bem-vindos!
Pra quem ainda não sabe, estou finalmente fazendo doutorado. O tema da pesquisa é ubiqüidade computacional / pervasividade computacional. E pra quem nunca ouviu falar disso, é mais simples do que parece…basta pensar em computadores integrados a diversos objetos (de peças de roupa até as paredes da casa), integrados ao ambiente, se comunicando o tempo todo. Um ambiente “inteligente” que permitiria uma série de ações sem necessariamente estarmos “presos” a uma cadeira.
Esse assunto é relativamente antigo. Remonta à década de 80; o pessoal do Xerox-Parc começou essa linha de pesquisa (Ubiquitous computing). Os textos da época são inspiradores. A questão central é facilitar o uso da tecnologia. Esses ambientes inteligentes, com computadores integrados aos objetos, seriam tão simples de usar que não demandariam tanta atenção de nossa parte, como ocorre com os computadores de hoje em dia (desktops, celulares, palms etc.)
Mas de lá para cá, muita coisa aconteceu. A internet, as redes, a comunicação sem fios, GPS, a evolução natural das interfaces…uma série de invenções que caminham para realização desse meio-ambiente interconectado, online e que permitirá interações em movimento.
Essa semana vi uma aplicação interessante desses princípios – integração do computador em outros objetos, consequentemente o fim do modelo de computador tipo desktop, comunicação entre dispositivos de maneira transparente.
Ninguém menos do que a Microsoft irá lançar, até o final do ano, o Microsoft Surface, um computador com aparência de uma mesa, que pode ser manipulado pelo sistema Multi-touch screen – já visto na apresentação do Jeff Han, no TED de 2006 e no lançamento do iPhone – e que trabalha com um sistema inteligente de reconhecimento e comunicação com outros dispositivos sem fio. Sincronização de dados sem maiores dores de cabeça (assim promete a propaganda). Só falta integrar com RFID!

Vale uma olhada na matéria e no vídeo da Popular Mechanics.