Acabo de colocar disponível para download o áudio de minha apresentação no 3º Congresso Internacional de Design da Informação. Agradeço ao Frederick pela gravação.
Na página do artigo é possível ler a íntegra do texto, baixar a versão em PDF e o áudio da apresentação em mp3.
O usabilidoido Frederick gravou e colocou online para download algumas das palestras do 1º Encontro Brasileiro de Arquitetura de Informação (EBAI). Vale conferir!
Ainda durante o EBAI, tive que me entender com uma das piores fechaduras que já vi. Falando em acessibilidade, pensei nas pessoas com dificuldades motoras. Para essas, seria impossível abrir a porta do auditório no qual ocorreram as palestras.

Para abrir a porta, é preciso empurrar a fechadura. Um caso claro de inacessibilidade!
A primeira vez que tive que abrir a porta, fiquei um tempo procurando a maçaneta. Não havia! Como abrir? Uma pessoa ao passar me esclareceu: eu deveria empurrar a fechadura, e ao mesmo tempo, puxar a porta! Uma combinação de ações completamente antagônicas.
Essa fechadura vai contra a apropriação que Donald Norman faz do termo affordances, sobre como percebemos a maneira de usar um objeto a partir de sua configuração formal. No caso dessa fechadura, não há referência possível – exceto algumas fechaduras igualmente ruins presentes em alguns carros.
As pessoas podem realmente complicar o que é pra ser extremamente fácil! Será que nunca ouviram falar em Design Universal?
Durante o EBAI, realizado nos dias 19 e 20 de outubro passados, tive a felicidade de conhecer melhor o trabalho do pessoal do Acesso Digital, pessoas muito bacanas que fazem um trabalho mais do que necessário de sensibilizar e informar as pessoas sobre acessibilidade para a web.
Fica a sugestão: visite o site, e veja o vídeo produzido pela equipe do Acesso Digital. É inspirador.
Já há algum tempo a Cosac Naify tem se destacado pela publicação de livros voltados para o Design. É sem dúvida alguma a melhor editora a cobrir o tema, publicando títulos essenciais para a crítica e reflexão sobre a nossa profissão.
Com um conselho editorial de peso (Rodolfo Capeto, Alexandre Wollner, André Stolarski, Chico Homem de Mello, Rafael Cardoso), produção gráfica cuidadosa e uma escolha criteriosa do que será publicado, apesar de até o momento contar com um número modesto de títulos, estes se destacam no cenário dos livros sobre design editados no Brasil. Mais uma prova de que quantidade e qualidade são variáveis independentes.
Dada a produção acadêmica crescente de pesquisas sobre design, muito dos livros publicados no mercado editorial brasileiro tendiam a ser mais “teóricos” (o que de certa forma foi ótimo para um campo que durante muito tempo foi eminentemente “prático”). No entanto, existia uma lacuna no que diz respeito a livros que tratassem de aspectos diretamente relacionados com a prática de projeto. Ao leitor brasileiro restava comprar livros desse tipo no exterior.
O lançamento recente da Cosac Naify Grid: construção e desconstrução vem somar-se ao Pensar com Tipos e ao Elementos do Estilo Tipográfico no conjunto de obras mais “técnicas” (se é que podemos chamá-las assim).

Capa do livro de Timothy Samara
Grid: construção e desconstrução, de Timothy Samara, trata de um dos fundamentos do design gráfico, o grid. Com dezenas de exemplos, do clássico “estilo internacional” aos projetos quase-sem-grid da tipografia desconstrucionista, fartamente ilustrado, esse livro é uma boa aquisição para quem se interessa por design gráfico. Não é o melhor livro sobre o assunto, mas é sem dúvida uma boa introdução.
Vale lembrar, esse é o mesmo livro que comprei há algum tempo – na versão original, em inglês. A Cosac Naify manteve o projeto gráfico original (do autor do livro), alterando somente a capa. Uma publicação de qualidade, que merece atenção.
O ponto alto do o 3º Congresso Internacional de Design da Informação foi a palestra de Norberto Chaves, no encerramento do evento, no dia 10 de outubro de 2007. Falando do crescimento acelerado no consumo de informação, e da consequente diminuição da capacidade de transformar o excesso de informação em conhecimento, Norberto deu uma visão mais abrangente do que é trabalhar com informação atualmente, dando destaque à comunicação como persuasão – com um enfoque muito distinto do que é dado pela publicidade.
Lúcido, e ao mesmo tempo apaixonado, ao final da palestra o consultor de comunicação estratégica deu lugar ao professor, ao falar sobre o papel da universidade em relação ao mercado. Essa é uma questão recorrente no meio acadêmico: qual o papel da universidade? Preparar os estudantes para o mercado? Formar cidadãos críticos? Na verdade, não são papeis excludentes, mas complementares. É claro que se prepara para o mercado, mas isso não quer dizer que não se promova uma reflexão e crítica sobre esse mercado, sobre a sociedade, e especialmente, que se pensem alternativas para o estado atual da sociedade de consumo. Que se formem profissionais “úteis, mas livres”.
Aos que dizem que o nosso trabalho teria pouca possibilidade de mudar o rumo das coisas, Norberto Chaves deixou uma imagem belíssima. Falou da complexidade e beleza de uma orquestra sinfônica, na qual diversos instrumentos trabalham em conjunto para produzir uma harmonia perfeita. Mesmo no meio de tantos instrumentos, é possível distinguir o simples toque de um sino, e apesar de seu papel singelo, esse sino faz diferença na criação da música harmonicamente perfeita.
Durante o 1º Encontro Brasileiro de Arquitetura de Informação farei parte do painel que discutirá a “Arquitetura de informação como campo de atuação”. O painel ocorrerá na sexta-feira, 19 de outubro, às 15h30.
Confira no site do evento os artigos que serão apresentados.