Hoje ao chegar no trabalho, o campus estava cheirando a grama fresca. Os funcionários aparavam todo o gramado.
A UFES, pra quem não conhece (imagino serem maioria absoluta), é um campus belíssimo, com direito a lago com patos, observatório, planetário, cinema (com bons filmes e péssimo som), prédios baixos, mangue, mini-floresta. Um espaço privilegiado, no qual já tive oportunidade de ver bandos de micos se divertindo nas árvores.
Trabalhar com cheiro de grama recém-cortada dá um ânimo renovado. Renovação da vida!
Muita badalação em torno da FLIP. Legal…sempre é ótimo abrir espaço para discutir literatura, principalmente num país onde o hábito de ler é coisa rara e o analfabetismo persiste em larga escala.
Pena que parte dessa “festa” tenha sido bancada com dinheiro público…e pior ainda, que esse dinheiro tenha sido orçado originalmente para a criação de bibliotecas públicas!
Bonito isso…ao invés de promover o acesso aos livros para o povo, resolve-se patrocinar um evento numa cidade turística como Paraty, que não é exatamente um lugar acessível, muito menos barato. Mesmo que algumas atividades da FLIP tenham sido gratuitas, a natureza do evento já se mostrava excludente desde a escolha do locus de sua realização.
Mas a história fica pior ainda quando sabe-se que a “brilhante” idéia de usar dinheiro do programa Livro Aberto veio do próprio gestor do projeto, o presidente da Biblioteca Nacional, Pedro Corrêa do Lago, amigo íntimo do editor da Cia. das Letras – curiosamente a editora com maior projeção da FLIP.
Nada contra o evento! Por que não pensar um encontro internacional elitizado? Sem problemas, é uma opção válida…afinal, dada a dificuldade de acesso à educação e mesmo aos livros pela população, os principais leitores do país são realmente membros de uma elite econômica. É legítimo que se pense um evento para esse público. E é fundamental que se assuma esse caráter elitista.
O problema é o tal do dinheiro público na história. Aí a coisa fica diferente…Leia mais sobre isso aqui.
Da Flip, o que achei melhor foi a iniciativa de um maluco-beleza, que de fato montou a Biblioteca Brincante, uma biblioteca itinerante. Uma lona, uma estante e uma mesinha com cadeiras, carregadas na sua bicicleta repleta de livros infantis. Montada no meio da praça, era destino certo para crianças. Pena eu não ter levado minha máquina fotográfica, estava bonito de ver.
Quem sabe quantas bibliotecas públicas itinerantes não poderiam estar rodando o país com o dinheiro público gasto pra vender os livros da Cia. das Letras à burguesia na FLIP?
A vida é breve, a gente sabe. Esse papo de viver o aqui, agora, parece coisa de quem não pensa no futuro, coisa de inconsequente. Mas o fato é que isso talvez seja a verdade mais absoluta, o lema que todos deveriam seguir para ter felicidade na vida. A gente nunca sabe quando vai acabar a brincadeira, por isso é tão importante deixar os grilos, as preocupações com o futuro, planejar pouco e viver muito.
Diante da estúpida morte do Fervil, figura que conheci pouco pessoalmente, mas de quem sempre ouvi falar por amigos em comum, eu vejo como é importante viver. Simplesmente isso, viver o dia, o momento. Pode ser o último, infelizmente.
Vai na paz Fervil.
Quem aqui não conhece o antigo Pó Xadrez? Pois então…as voltas com obras no apartamento, com os bolsos vazios há meses, acabamos pensando seriamente em usar o famoso piso vermelhão. Olhando preços nas lojas de materiais de construção entendemos porque é tão comum vermos esse tipo de solução nas casas da roça. O preço é realmente imbatível – claro que o resultado também não é lá essas coisas, mas é uma solução bem interessante pra quem tá com a grana pra lá de curta.
O interessante foi notar na embalagem que o Pó Xadrez tem um site! E, melhor ainda, o site é bom! Pra quem não tem idéia, o Pó Xadrez é fabricado hoje em dia pela Bayer. E como boa empresa alemã, a Bayer consegue manter um padrão de design em todos os seus sites. O fuleiro Pó Xadrez tem um site tão bom quanto qualquer produto bacana da Bayer.
Em tempo: desistimos de usar o produto. Apesar do preço, parece que o resultado deixa a desejar a curto prazo!
Há algum tempo meu carro está parado na “garagem”. Gasolina tá caro, eu estou duro e ainda por cima toda vez que ando de carro corro risco de ser preso por matar um flanelinha, esses parasitas vagabundos que tentam me extorquir por parar meu carro na via pública.
Fato é que voltei a andar de ônibus, coisa que fiz a maior parte da minha vida. E andar de ônibus na Zona Sul é moleza pra quem fazia centro-jacarepaguá todo dia.
Depois de algumas semanas dividindo minha vida entre Vitória e Rio de Janeiro, as comparações são inevitáveis. Os motoristas e trocadores de Vitória são incomparavelmente mais educados do que as bestas aqui do Rio. Param sempre no ponto, tratam as pessoas cordialmente. O motorista, ao se aproximar de um ponto de ônibus, REDUZ a velocidade, mesmo que não pareça ter alguém fazendo sinal. E se outros ônibus estiverem parados no ponto, ele espera atrás deles, pra ver se alguém na calçada vai fazer sinal. Motorista e trocador não costumam conversar aos berros entre si. Não bastasse isso tudo, o trânsito de Vitória é ridículo. Praticamente não existe.
No Rio, tive seguidas demostrações de truculência, no espaço de algumas semanas. Certo dia, enquanto esperava um ônibus na Lapa, tive que me jogar quase no meio da rua correndo o risco de ser atropelado, porque o motorista simplesmente ignorou o ponto de ônibus e passou a toda velocidade pelo meio da pista, pouco se importando com as pessoas que faziam sinal no ponto. Havia um ônibus parado no ponto e quase não se conseguia ver os ônibus que vinham…tive que me jogar no meio da rua para que o infeliz parasse. Reparei que durante todo o trajeto Lapa-Gávea, ele ignorou seguidas vezes o ponto de ônibus, deixando pelo menos uns 7 passageiros literalmente na pista. Passava cortando os outros ônibus, e acelerava exatamente no momento em que passava pelos pontos, como se para dizer que não havia visto “a tempo” os passageiros.
É claro que denunciei o motorista para a empresa. Não que isso vá adiantar, mas pelo menos fiz o que deveria fazer.
Outro dia um outro motorista conversava aos berros com o trocador, fazendo inclusive com que este abandonasse seu posto para contar algumas fofocas ao pé do ouvido. No total clima botequim, acendeu um cigarro e fumava enquanto dirigia.
Um terceiro motorista discutiu com pelo menos três passageiros diferentes, chegando a chamar um pra porrada, com frases lapidares como “aqui nesse ônibus mando eu e o cobrador”. Epa! Pera lá! Que eu saiba, os passageiros não estão viajando de favor, estão pagando por um serviço. Pagar pra ser chamado pra porrada? Tem alguma coisa errada…
Um outro caso…um senhor idoso se enrolou com a infeliz identificação eletrônica e não conseguiu fazer a roleta funcionar. O trocador disse que ele teria que viajar na parte da frente, que estava lotada. Uma senhora resolveu tomar as dores do senhor idoso e a confusão durou alguns minutos, sem que o funcionário conseguisse resolver qualquer coisa como uma pessoa normal faria.
É impressionante como as empresa de ônibus prestam um deserviço completo aos cidadãos. O que temos são carros extremamentes desconfortáveis, funcionários incapazes de realizar tarefas tão simples quanto dirigir um ônibus e parar nos pontos corretamente, além de dialogar com pessoas num nível civilizado. Talvez seja o único serviço que o cliente parece nunca ter a razão.
Nossa cidade vive no limite da loucura. Andar de ônibus é um bom termômetro. Um trajeto simples pela cidade pode revelar toda a tensão que paira no ar.
Como anunciei aqui, estou iniciando minhas atividades como professor assistente da Universidade Federal do Espírito Santo, no curso de Desenho Industrial do Departamento de Artes Industriais e Decorativas. Depois de mais de um mês de espera, finalmente terminou o processo de contratação…hoje o “Magnífico Reitor” assinou minha posse, e na seqüência assumi meu cargo junto ao departamento. Sexta-feira começo a dar aulas, três turmas, duas disciplinas. Aulas de 4 horas.
Engraçado é que nem comecei a trabalhar e já fui avisado que alguns alunos me procuraram ao longo da semana. Hoje eu estava resolvendo coisas na secretaria e apareceram dois alunos me pedindo orientação para o projeto final. Ambos estão querendo fazer projetos de midia interativa e ao que parece não havia professor com experiência específica nesse assunto.
Vamos ver no que vai dar. Os alunos pareceram super-animados em me conhecer. E confesso que fiquei mais ainda em ver gente tão afim de fazer coisas legais junto comigo. Bacana!
O Brasil realmente é o país onde se perde o amigo mas não se perde a piada. Tudo aqui é motivo de troça. O povo não sabe, mas a dialética é nossa companheira de dia-a-dia. Somos um povo servil, colonizado, que aceita tudo que é imposto sem fazer barulho. Ao mesmo tempo, subvertemos toda e qualquer ordem que se imponha, com o famigerado jeitinho brasileiro, a malemolência, a picardia, a malandragem que é pedra lapidar da nossa identidade cultural.
Com isso os gringos devem ficar loucos com a gente. Os caras fazem produtos bonitinhos, para um povo que mesmo quando quer ser rebelde é certinho. Fazem um ‘bussiness plan’, um planejamento detalhado pra vida do produto e daí vêm os brasileiros e fazem aquela bagunça, inventam coisas que ninguém podia prever.
O Fotolog foi uma vítima. A quantidade de fotolog lixão brasileiro que surgiu não está no gibi. Tem até fotolog criado só pra sacanear outro fotolog; uma paródia, um fotolog do mundo bizarro de um outro fotolog existente. Os caras devem odiar os brasileiros, principalmente porque a maioria não bota um centavo e gasta a maior parte da infra-estrutura deles com brincadeira.
O Orkut é a próxima vítima. O pessoal do Google vai e cria uma ferramenta que coleta de informações e cruza informações pessoais, podendo enfim qualificar as pessoas e os links que antes não tinham uma análise qualitativa e sim um algoritmo esperto por trás. A inteligência viria das pessoas, das relações criadas entre elas, das informações que consumiriam etc.
E daí começam a aparecer coisas inusitadas como Heleninha Roitman, Sergio Malandro, Mara Maravilha, Marlene Matos, até da Perpétua tem.
Onde isso vai parar eu não sei. Mas que é engraçado, isso é.