segunda-feira, 23 de abril de 2007

Pra não dizer que não falei da Univers

Apesar da Helvetica estar em evidência por conta da exposição no MoMA, devemos festejar também os 50 anos de outra família tipográfica importantíssima! A Univers, criada por Adrian Frutiger em 1956, lançada no ano seguinte pela type foundry Deberny & Peignot.

Além de ter criado uma excelente família sem serifa, Frutiger inventou um sistema de nomenclatura muito inteligente, que infelizmente não é utilizado corretamente pelas empresas que comercializam e produzem fontes, causando confusão no que era para ser extremamente simples.

O sistema consiste de um número com dois algarismos. O algarismo da casa das dezenas (ou prefixo) define o peso. O algarismo da casa das unidades (sufixo) define a largura e/ou ângulo.

Prefixo
2. Ultra Light
3. Thin
4. Light
5. Normal, Roman, ou Regular
6. Medium
7. Bold
8. Heavy
9. Black
10. Ultra ou Extra Black

Sufixo
1. Ultra Extended
2. Ultra Extended Oblique (Italic)
3. Extended
4. Extended Oblique (Italic)
5. Normal
6. Oblique (Italic)
7. Condensed
8. Condensed Oblique (Italic)
9. Ultra Condensed

diagrama com as variações de peso da família tipográfica Univers

Confesso que a Univers é uma das minhas famílias preferidas, especialmente por ter uma grande variedade de pesos. A versão original tinha 21 variações, mas em 1997 Frutiger fez uma revisão da família completa, e a Linotype atualmente comercializa 63 variações da fonte. Um colosso!

Parabéns, Univers!

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quinta-feira, 12 de abril de 2007

Parabéns, Helvetica!

Caixa de tipos da família Helvetica, em cena do filme 'Helvetica', de Gary Hustwit
Caixa de tipos da família Helvetica, em cena do filme ‘Helvetica’, de Gary Hustwit.

A família tipográfica Helvetica, criada em 1957 por Edüard Hoffmann e Max Miedinger, completou 50 anos de existência.

Por sua conscisão e clareza, foi uma das famílias mais usadas na década de 60 sob a égide do Estilo Internacional, uma busca extrema de funcionalidade em detrimento de qualquer atributo subjetivo ou emocional nos projetos de design. Mesmo hoje, passados 50 anos de sua criação, a Helvetica é usada largamente, sendo facilmente reconhecida em projetos de sinalização urbana.

Otmar Hoefer, da Linotype, typefoundry que detêm os direitos sobre a fonte, acredita que seja a família com maior distribuição no mundo. Provavelmente isso ocorre em parte pelo fato dos computadores Mac contarem com esta família instalada por default, sem contar a sua cópia bastarda, Arial, distribuida gratuitamente com o Windows. Muitos acreditam que a Helvetica e Arial têm o mesmo desenho. Ledo engano: as sutilezas e equilíbrio formal do desenho da Helvetica são incomparáveis ao que foi feito no projeto da Arial. Além do mais, a Helvetica apresenta 68 variações de peso, contra 5 da Arial. A família completa pode ser vista no site da Linotype

Um aniversário tão auspicioso tem comemoração a altura. O museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) inaugurou uma exposição no dia 6 de abril para marcar a data. Veja mais no site do MoMA.

O Washington Post traz uma matéria sobre o assunto. Vale a leitura.

Ame ou odeie a Helvetica, o fato é que sem dúvida é uma das famílias tipográficas mais conhecidas e utilizadas no mundo.

Parabéns, Helvetica!

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quinta-feira, 5 de abril de 2007

Concurso de logomarca: agora é moda?

Depois do “caso CEDAE”, parece que a moda pegou. O DNIT resolveu utilizar a mesma “metodologia” na renovação de sua identidade visual.

cartaz sobre o concurso para nova identidade visual do DNIT

No melhor espírito democrático, todos podem participar! Servidores públicos, prestadores de serviço e estagiários.

Se a coisa continuar assim, em breve os órgãos públicos brasileiros terão identidades visuais com uma “qualidade” totalmente alinhada com a realidade que conhecemos na grande maioria dos serviços públicos de nosso país…

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terça-feira, 27 de março de 2007

Gapminder

Gapminder é uma ferramenta para visualizar dados e estatísticas sobre os países (ex: emissão de CO², nº de usuários de telefone por 1000 habitantes, expectativa de vida etc.). Apesar dos dados não serem 100% confiáveis (segundo afirma o próprio site), é curioso ver a evolução de algumas estatísticas ao longo do tempo.

tela do Gapminder

A interface é bem interessante…mas confesso que demorei um pouco para me familiarizar com as possibilidades de cruzamento de dados e formas de apresentação das informações. Difícil dizer se isso é um problema pessoal (tenho certa dificuldade em entender gráficos e tabelas a primeira vista), ou se é de fato uma deficiência no projeto da interface.

Gapminder is a non-profit venture developing information technology for provision of free statistics in new visual and animated ways. Goal: enable you to make sense of the world by having fun with statistics. Method: turn boring data into enjoyable interactive animations using Flash technology. Gapminder is a Foundation in Stockholm, Sweden. Funding has been mainly by grants from Swedish International Development Cooperation Agency, Sida. In collaboration with United Nations Statistic Division Gapminder promote free access to searchable public data and all animations of different types of data are freely available at http://www.gapminder.org.

O Google comprou. Eles compram tudo, é impressionante.

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quarta-feira, 21 de março de 2007

Hey you!

foto: Roger Waters
Show do Roger Waters, fechando o verão com chave de ouro!

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quarta-feira, 21 de março de 2007

O homem do hipertexto

Ontem (20 de março) tive o privilégio de assistir ao vivo uma palestra de Ted Nelson, o homem que praticamente “inventou” o conceito do hipertexto, uma das características mais significativas da primeira fase da world wide web. Ted esteve no Rio para a abertura do FILE 2007 – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica.

Ted Nelson

Fiquei com a impressão de que a apresentação do criador de Xanadu foi um pouco melancólica…depois de apresentar uma retrospectiva de toda a história e filosofia que guiou o projeto original, o pai do hipertexto apresentou um pouco do que anda fazendo – uma evolução da idéia original. Na primeira parte da conversa achei genial a crítica ao sistema de hierarquia de arquivos em estrutura de diretórios, que baliza toda a computação como conhecemos hoje. Para quem pretende um sistema de dados relacional, em que qualquer elemento ou partes dele podem ser associados a outros elementos, de fato, a rigidez de uma estrutura baseada em hierarquia de diretórios é uma âncora absurdamente pesada e anacrônica. Mas na segunda parte da apresentação, a conversa descambou para algo bem distinto do que eu imaginava.

O tom da conversa foi muito próximo a uma apresentação de software, como seria se fosse a demonstração do nova versão do Photoshop, da Adobe…discurso auto-promocional, tentando convencer a audiência de que estávamos vendo um produto indispensável para nossas vidas.

A conversa foi recheada de críticas sutis, algo rancorosas, à outras figuras que mudaram a maneira como a sociedade pós-industrial se comunica hoje em dia. Não sobrou ninguém intacto: Xerox Parc, Steve Jobs, e obviamente Bill Gates…sobrou até para Tim Bernes-Lee (o que inventou a Web, o sistema que permite a leitura e compartilhamento de hiperdocumentos, como esse blog aqui). Embora não tenha efetivamente falado “mal” dessas pessoas, muitas vezes os comentários eram bem debochados – como o fato de chamar o “GUI” (Graphic User Interface) de “PUI” (Parc User Interface), cuja sonoridade em inglês sugere algo grotesco.

Em que pese a genialidade do senhor Nelson, fiquei com a impressão de que no fundo estava vendo um senhor amargurado com o fato de tanta gente ter ficado milionária a partir de sua proposta original, e ele continuar sendo pouco conhecido, e pior ainda, não ter enriquecido com essa história toda. E ainda, me surpreendi com o fato de ver que o sujeito ainda está em busca do mesmo projeto da década de 60. Aparentemente, colocando-se na posição de único ser pensante a renegar o status quo do mundo da computação, Ted Nelson vai na contramão e toca a mesma tecla há 40 anos. O projeto que vi é conceitualmente o mesmo que ele descrevia em 1960. De lá para cá, o mundo mudou. Menos para Ted Nelson.

De qualquer forma, vale conferir: Zig-Zag e Xanadu Model.

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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

A CEDAE responde…mas não convence

Em resposta ao meu artigo sobre a mudança na marca da CEDAE, recebi uma mensagem do Sr. Ricardo Ramalho, assessor de marketing da dita empresa. Anexa à mensagem, uma carta da designer da CEDAE, Elza Suzuki.

De pronto, um susto. Havia sim uma designer envolvida no processo. Antes mesmo de ler a carta, me perguntei: se havia uma designer na empresa, por que não deixar a cargo dela a responsabilidade de fazer a nova marca?

Em sua carta, Elza Suzuki argumenta que a direção da empresa “entendeu que o envolvimento do corpo funcional no projeto retrataria de forma preponderante este processo de mudança.” Mais adiante, a designer afirma que “a reconstrução da nova CEDAE passa necessariamente pela participação de todos os funcionários, em todos os momentos. E no caso de uma nova logomarca não poderia ser diferente”.

Ao contrário de me convencer de que estavam certos, me fizeram ter certeza do absurdo que foi esta história toda.

Existe uma grande diferença entre participação no processo, e execução do projeto. É, de fato, saudável que os funcionários tenham voz no que se refere à criação de uma nova indentidade visual para a empresa da qual fazem parte. De certa forma, a identidade da empresa é formada em parte por essas pessoas – Norberto Chaves é uma boa leitura sobre o assunto. No entanto, uma coisa é permitir que essas pessoas tenham voz, que possam ser ouvidas. Outra, bem diferente, é dar a elas a responsabilidade pelo projeto de identidade visual da empresa.

Sem querer ser repetitivo, eu pergunto: se fosse um projeto de engenharia, teria sido escolhido por concurso interno, entre todos os funcionários, indistintamente? Pelo bem de nossa cidade, espero que o projeto dos emissários submarinos tenha sido resolvido de outra maneira…

O senso comum, ou a desinformação, pode levar a crer que fazer uma marca é algo trivial. Creio que meu texto anterior sobre este assunto apontou brevemente a complexidade envolvida em um projeto dessa natureza.

Ao fim e ao cabo, continuo achando que isso foi uma campanha de marketing interno. A despeito da CEDAE contar com uma profissional de design em seu quadro de funcionários, resolveu-se que o projeto poderia ser elaborado por qualquer funcionário, de qualquer área. À designer, restou participar do processo de avaliação, junto com profissionais de publicidade – por que não outros designers?

Resta saber se o juri, como em qualquer concurso que se preze, não poderia optar por não escolher um vencedor, na ausência de trabalhos com a qualidade necessária. Me parece que isso seria impensável dentro do discurso de “gestão participativa” da empresa. Assim sendo, a CEDAE tem a marca resultante desse processo equivocado.

Sim, porque eu quero crer que a marca foi escolhida pela premência de haver um vencedor, e não pelas “qualidades” que apresenta.

E por falar na marca vencedora, ao longo da semana algumas pessoas me escreveram comentando o assunto, e me brindaram com marcas de empresas semelhantes, que apresentam características muito próximas da solução escolhida pela CEDAE.

várias empresas, a mesma marca
De cima para baixo: marca da COMPESA – Companhia Pernambucana de Saneamento; marca da Só Poços Construcenter, empresa de material de construção e poços artesianos; marca da Água do Amazonas, empresa responsável pelos serviços de águas e esgotos do Amazonas; nova marca da CEDAE, empresa responsável pelos serviços de águas e esgotos do Rio de Janeiro.

Tendo em vista o processo escolhido para reformular a marca da CEDAE, o resultado não poderia ser diferente.

Em tempo: convido-os à leitura da carta da designer Elza Suzuki.

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