Para os que se interessam por temas como ‘experiência do usuário’, ‘design de interface’ e ‘design de informação’, a dica imperdível é ler a entrevista de duas feras na área, Jesse James Garret, autor de The Elements of User Experience, e Steven Johnson, autor de Cultura da Interface, e Emergência.
A entrevista está dividida em 3 blocos, no site do Adaptative Path, do próprio Jesse James Garret. Seguem os links:
Divirtam-se!
Como a maioria dos leitores regulrares desse blog sabem, sou professor universitário, servidor público do governo federal, atuando na Universidade Federal do Espírito Santo. Como tal, sou cobrado por meus pares, pela UFES e pelo próprio governo federal por minha produção científica. Espera-se do professor universitário não somente que lecione, mas que tenha alguma produção de pesquisa, atividades de extensão etc.
No Brasil existe um sistema produtivista, que fomenta a produção científica em quantidade. Em qualquer concurso público ou privado para a área acadêmica, um dos critérios de avaliação é a produção…não tanto a qualidade, mas a quantidade. Aos olhos de qualquer instituição – especialmente o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, que fornece parte das bolsas pesquisas nacionais – valoriza-se a quantidade de artigos, pesquisas cadastradas etc. As métricas para avaliar a qualidade dos trabalhos nem sempre são claras, contando com a contribuição de pareceristas ad-hoc nas áreas do saber em avaliação. Mas a quantidade de trabalhos, por outro lado, é vista com bons olhos.
Esse “produtivismo” afeta todo o sistema de ensino. Se não, vejamos.
O salário de um professor assistente da UFES, como eu, é de 700 reais. O restante, são gratificações, que no final dão um salário líquido de 2700 reais. Um dos problemas dessa situação é que essas gratificações não são incorporadas ao salário. Qualquer aumento que se dê, será em cima do salário, descontadas as gratificações. 700, e não 2700.
Um dos critérios para definir o valor da gratificação é a produção do docente. Quantas pesquisas ele fez, quantos artigos publicou, quantos livros escreveu, de quantas bancas participou, quantos congressos assistiu, que projetos fez etc. Quanto mais o professor produz, maior a gratificação – que tem um limite. E normalmente, espera-se uma produção diversificada.
É natural que se espere que parte dessa produção científica seja veiculada, publicada. Entretanto, ao contrário do que parece, dada a enormidade de livros que inundam o mercado editorial a cada ano, é extremamente difícil ter um trabalho publicado em livro. Não tanto pela produção do objeto, uma vez que existem alternativas cada vez mais atraentes no mercado de gráficas rápidas, impressão sob demanda etc. A dificuldade é conseguir uma editora, que garanta a veiculação, caso contrário têm-se um livro ao qual ninguém tem acesso. Em função disso, o caminho natural para divulgação dos resultados das pesquisas são os congressos acadêmicos.
Por isso mesmo, para ter minha produção publicada, costumo participar de eventos desse tipo. Ao contrário de alguns colegas, faço questão de ir aos congressos, para ver as apresentações dos outros participantes – hoje em dia, é possível apresentar um artigo sem sair de casa, através de webcams conectadas em tempo real com a platéia…mas confesso preferir assistir ao vivo, e apresentar ao vivo.
Neste mês irei ao P&D, congresso de pesquisa e desenvolvimento de design, que ocorrerá em Curitiba, apresentando um artigo sobre um projeto de extensão que desenvolvi na UFES.
Custo da brincadeira:
300 reais de inscrição
890 reais de passagem (Vitória-Curitiba-Vitória)
210 reais de hospedagem (70 reais a diária mais barata)
50 reais de alimentação (presumível)
Total: 1450,00
É de se esperar que a Universidade, que cobra uma produção científica e também a veiculação dessa produção, e que cobra igualmente a nossa participação em eventos acadêmicos dessa natureza, apoie de alguma forma nossa participação. Assim sendo, solicitei ajuda de custo para pagar a passagem e a estadia. O custo da inscrição saiu do meu bolso.
Quanto recebi?
Zero.
Como se espera que um professor, que ganha 2700 reais, gaste em 3 dias 1450 reais, ou seja, MAIS DA METADE do seu salário, para participar de UM evento acadêmico?
A coisa é ainda mais estranha…não é só falta de condições financeiras…em meu departamento na unversidade, durante muito tempo não havia redução de carga horária para que o professor pudesse realizar atividades de pesquisa. Aliás, nem pesquisa nem qualquer outra atividade, que ainda assim são cobradas como “produção acadêmica”. Ou seja, aquele que quiser ter uma produção, tem que se virar para dar conta de cumprir sua carga horária regular de aulas, e também fazer correr a sua pesquisa ou qualquer atividade que não seja simplesmente dar aulas.
É por essas e outras que o ensino público está falido. Nós, professores, recebemos salários baixos, somos cobrados por uma produção sem necessariamente termos condições de trabalho adequadas. Por isso há tantas greves, por isso há tanto professor trabalhando clandestinamente em empresas privadas, por isso há tanta gente insatisfeita, empurrando o trabalho com a barriga, sem o menor envolvimento com a universidade.
Para quem tenta fazer um trabalho decente, como eu, é revoltante ver esse quadro.
Udapte: esta semana recebi a notícia de que ao menos uma ajuda de custo havia sido liberada pela Universidade. 324 reais. Ao menos dá para pagar uma parte da passagem. Já é um alento.
Quem já passa dos 30 e costumava assistir qualquer porcaria na TV na sua infância, deve lembrar vagamente das imagens abaixo.


Acima, o Homem Aranha e seu alter-ego, Peter Parker (Nicholas Hammond) com todo o “charme” dos anos 70
Depois de adaptações em desenho animado no final dos anos 60, esta foi a primeira adaptação para a TV do herói aracnídeo que era sucesso nos gibis, criado por Steve Ditko e Stan Lee. A série chegou a ter longas-metragens, em 1977 e 1978, que inclusive foram exibidos no Brasil – lembro-me de ter assistido nos cinemas.
As cenas de ação tinham uma trilha sonora impagável, com guitarras fazendo rifes com o efeito wha-wha, no melhor estilo anos 70.
Mas o melhor mesmo era o personagem principal. Convenhamos, nem naquela época ele convencia como super-herói. Saca só o porte do rapaz.

Talvez daí tenha surgido a versão da música tema: “Homem-aranha, Homem-aranha, ele não bate, só apanha.”
Engraçado é descobrir que o ator Nicholas Hammond, que fazia Peter Parker e o Homem-aranha, é uma das crianças do clássico A Noviça Rebelde (The Sound of Music)
Ah! Vale a pena ouvir a música tema do desenho animado, composta por Ray Ellis. Clique aqui e baixe o MP3.
Vale conferir o seminário sobre eletrodomésticos, no dia 7 de junho, na Casa de Rui Barbosa (Rio). Mais informações no site do evento.
Para quem não tem o hábito de ver minhas fotos no Flickr, convido-os a darem uma conferida na última leva, que mostra a exposição de trabalhos dos meus alunos, do curso de desenho industrial da Universidade Federal do Espírito Santo. São projetos de sinalização realizados no ano passado, que só consegui expor agora.
As fotos estão ali no Flickr.
A notícia não é nova, mas aqui na feira ainda não havia sido divulgada. A RNP, Rede Nacional de Pesquisa, recebeu o selo RioFazDesign, coroando a qualidade do trabalho desenvolvido ao longo de 15 anos por uma série de profissionais e estudantes que já passaram por aquela instituição, entre os quais me incluo com satisfação e alguma saudade.
Guardo boas lembranças do período em que trabalhava na RNP, no mesmo prédio do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), cercado pela floresta da tijuca, dividindo a lanchonete com os matemáticos de diversos países da américa latina – na copa de 1998 foi uma loucura! Embora eu tenha ficado pouco tempo na instituição – creio que um ano, apenas – aprendi muito nesse período, especialmente por ter trabalhado lado a lado com o Rodolfo Capeto, uma fera do Design e pioneiro nesse campo dentro da RNP.
Parabéns aos colegas que receberam o prêmio, e a todos os que fizeram parte dessa história. Entre eles, meu caro Clorisval Júnior, atualmente na Sarjana, e Ana Pow, atualmente na Contágio Criação, além é claro do Rodolfo, hoje vice-diretor da esdi.
A matéria completa sobre o prêmio dado à RNP está aqui.
É dose…mesmo depois de 40 anos da institucionalização do ensino do design no Brasil, temos muito o que percorrer em termos de qualidade. Apesar de termos tanta gente boa fazendo capas de livro, um caso simples como a adaptação de uma capa estrangeira para sua edição em português consegue ser uma amostra atroz do mal gosto que paira sobre o horizonte gráfico do mercado editorial brasileiro.
Comparem:

A capa brasileira
Como pode? Era tão simples…o que era elegante, sem grandes elaborações, mas correto, vira uma bagunça, um terror tipográfico sem tamanho. Isso para não falar do texto que colocaram na capa, que é uma escolha infeliz e marketeira no pior sentido. Ficou parecendo livro de auto-ajuda.
Custava manter o projeto original?